Segunda Guerra Mundial – a melhor explicação que você já viu!

Segunda Guerra Mundial
Quem eram os oponentes da Segunda Guerra Mundial? Como ela se desenvolveu? Respostas simples e completas neste super post!

Na nossa jornada pelas duas grandes guerras que impactaram a humanidade como nunca antes descobrimos que uma das principais causas da eclosão da Primeira Guerra Mundial foram as tensões por poder entre os grandes impérios que juntos dominavam o mundo da época.

A Segunda Guerra Mundial, no entanto, foi desencadeada especialmente pela resistência alemã de aceitar as duras condições impostas pelo Tratado de Versalhes após a Primeira Guerra Mundial e por sua ânsia de poder. Isso deu origem a regimes totalitários, como o nazismo na Alemanha.

E para piorar a situação, a Grande Depressão que sucedeu a quebra da Bolsa de Valores nos Estados Unidos deixou os países da Europa em grande miséria, o que acentuou o desejo de revoluções por mudanças.

Partiremos a partir daqui do seguinte cenário, que você vai entender plenamente se ler o post anterior:

A Alemanha de Hitler anexa a Tchecoslováquia e a Polônia ao seu território. França e Reino Unido, que tinham acordo de defesa com a Polônia, declaram guerra em 3 de setembro de 1939 sem ter ideia da brutalidade que estava por vir.

Os lados opostos da Segunda Guerra Mundial

Na Segunda Guerra Mundial, os lados opostos eram conhecidos como os Aliados e o Eixo:

Aliados

Principais países: Reino Unido, França, Estados Unidos, União Soviética e China.
Outros membros: Canadá, Austrália, Índia, entre outros.

Eixo

Principais países: Alemanha, Itália e Japão.
Outros aliados menores: Hungria, Romênia, Bulgária, entre outros.

As alianças de 1939 Segunda Guerra Mundial Eixo e Aliados - College of DuPage
As alianças de 1939 da Segunda Guerra Mundial
– College of DuPage

Por que a Itália e o Japão estavam do lado da Alemanha na Segunda Guerra Mundial?

Bem, a Itália nesta época estava sob o comando de Benito Mussolini.

Mussolini emergiu ao poder quando a Itália estava mergulhada na profunda crise pós-Primeira Guerra Mundial. A Itália daquela época estava em extrema miséria; e os italianos, devastados.

Além disso, havia grande indignação contra os tratados de paz, uma vez que a Itália não recebera os territórios prometidos.

Com isso, o povo começou a fomentar greves e protestos Ademais, movimentos a favor do socialismo e do comunismo ganharam força.

Benito Mussolini nasceu em julho de 1883, no norte da Itália. Seu pai era ferreiro e socialista; e sua mãe, professora. A família dele era humilde e tinha uma orientação política de esquerda.

Um dos destaques da vida profissional de Mussolini foi quando ele começou a trabalhar como jornalista político. Ele escrevia para jornais socialistas e, posteriormente, se tornou editor-chefe do Avanti!, jornal do Partido Socialista Italiano. 

No entanto, em 1914, com o início da Primeira Guerra Mundial, houve uma divisão entre os socialistas italianos. A maioria defendia a neutralidade, mas Mussolini passou a apoiar a entrada da Itália na guerra ao lado da França e do Reino Unido.

Essa posição levou à sua expulsão do Partido Socialista.

Então, em 1919, apartado do regime socialista, Mussolini criou o movimento fascita Fasci Italiani di Combattimento, que misturava nacionalismo agressivo, promessas de ordem e combate à esquerda radical.

Os grupos que participavam deste movimento praticavam violência contra adversários políticos – especialmente socialistas e comunistas – e prometiam restaurar a ordem e o orgulho nacional perdidos durante a Primeira Guerra Mundial.

Mussolini ganhou apoio de industriais, grandes proprietários e parte da classe média, que estavam preocupados com os avanços da esquerda e das greves.

Em 29 de outubro de 1922, o então rei da Itália Vítor Emanuel III – sob quase uma coação – convidou Mussolini a formar um novo governo. Foi quando ele se tornou, oficialmente, primeiro-ministro da Itália.

Depois de conquistar o cargo, Mussolini gradualmente eliminou a oposição e transformou o regime político em uma ditadura fascista, censurando a imprensa, perseguindo opositores e centralizando o poder. Seu objetivo era restaurar um império semelhante ao Romano, expandindo seu território e sua influência.

Percebe grandes semelhanças com as pretensões e políticas de Hitler? Foi por compartilhar ideologias e para fortalecer a posição da Itália na Europa que Mussolini aderiu ao Eixo.

E quanto ao Japão? Por que ele tomou o lado da Alemanha na Segunda Guerra Mundial?

O Japão tinha ambições de expandir seu império na Ásia e no Pacífico, buscando recursos naturais e mercados.

Mas qual era o cenário em que eles viviam?

De restrições. 

Os Estados Unidos, junto com Reino Unido e Holanda, cortaram o fornecimento de petróleo para o Japão em 1941.

Por quê?

Acontece que o Reino Unido e a Holanda possuíam ricas colônias na região do Pacífico, colônias que eram produtoras de matérias-primas valiosas como o petróleo, a borracha e o estanho.

Lembra qual era a ambição do Japão? Isso mesmo, expandir seu território. Logo, o Reino Unido e a Holanda temiam que o avanço japonês ameaçasse ou até mesmo resultasse na perda dessas colônias que eram fundamentais para suas economias.

Além disso, o Japão estava se tornando a principal potência militar do leste da Ásia, ameaçando o domínio dos Estados Unidos e do Reino Unido na região.

Os Estados Unidos viam suas ações como defesa da China, que era considerada uma aliada importante e estava sob forte ataque japonês. Havia uma preocupação ideológica de conter regimes autoritários e expansionistas.

As potências ocidentais, especialmente os EUA, protestaram contra a expansão japonesa na China através de guerras e invasões que acabaram por pressionar o Japão a respeitar acordos que limitavam o seu poder naval. 

Sem acesso a recursos essenciais, o Japão viu na guerra e na expansão territorial uma saída para manter seu crescimento e sua posição estratégica no Pacífico. A aliança com a Alemanha e a Itália se apresentou como uma maneira de desafiar as potências ocidentais e criar uma nova ordem mundial.

O desenvolvimento da Segunda Guerra Mundial

A Segunda Guerra Mundial foi decretada no dia 3 de setembro de 1939. No entanto, aproximadamente de setembro de 1939 a abril de 1940 houve poucos confrontos militares diretos entre os dois lados, especialmente na chamada frente ocidental, isto é, a linha de conflito entre a Alemanha e os países do oeste europeu, em especial a França, a Bélgica, a Holanda e o Reino Unido.

Mapa delimitando Europa Ocidental e Europa Oriental - Segunda Guerra Mundial
Mapa delimitando Europa Ocidental e Europa Oriental

Mas por que esse “banho-maria”?

Acontece que os dois lados estavam reforçando defesas, treinando tropas e esperando para ver o próximo movimento do inimigo.

Ainda havia traumas da Primeira Guerra e receio de repetir batalhas de trincheira, ou seja, o tipo de combate em que os soldados lutam a partir de valas cavadas no chão, geralmente em linhas paralelas e opostas.

A vida nas trincheiras Segunda Guerra Mundial
A vida nas trincheiras durante a Segunda Guerra Mundial
Aventuras na História

Este tipo de combate tinha avanço lento e custava muitas vidas, uma vez que o terreno entre as trincheiras era fortemente defendido.

Além disso, os soldados viviam em condições insalubres, com o cotidiano marcado por lama, frio, doenças e presença de ratos.

Nesse hiato entre setembro de 1939 e abril de 1940, conhecido como “Estranha Guerra”, cidadãos em Londres, Paris e Berlim viviam em clima de suspense, esperando bombardeios aéreos e grandes batalhas que quase não aconteceram . . . até que veio o ataque relâmpago alemão em 1940.

A queda da França

Conhecido como “Blitzkrieg”, esta foi uma das operações militares mais marcantes da Segunda Guerra Mundial. Esse ataque pôs fim ao período de “Estranha Guerra” e resultou em uma vitória rápida e surpreendente para a Alemanha.

Blitzkrieg é uma palavra alemã que literalmente significa “guerra-relâmpago”.

Tal impactante ofensiva que começou em maio de 1940 foi assim:

Ataque à fronteiras

Em 10 de maio de 1940, a Alemanha lançou um ataque simultâneo contra Bélgica, Holanda, Luxemburgo e França. O objetivo era contornar a Linha Maginot, uma fortificação francesa construída ao longo da fronteira franco-alemã que pode ser visualizada na imagem abaixo, destacada em vermelho.

Linha Margot, na França, Segunda Guerra Mundial - Wikimedia Commons
Linha Margot, na França, Segunda Guerra Mundial
Wikimedia Commons

Atravessando Ardenas

Os alemães surpreenderam os franceses ao atacar pelo bosque das Ardenas, um terreno acidentado na fronteira França-Bélgica, considerado quase impossível para tanques.

As defesas nesta região eram frágeis. O grosso das tropas francesas estava ao norte, protegendo a fronteira clássica.

Velocidade e coordenação

Enquanto o exército alemão invadia os Países Baixos, outra força atravessava Ardenas em alta velocidade.

Aviões da Luftwaffe, a força aérea alemã, bombardeavam posições estratégicas, dificultando a comunicação, os suprimentos e o reposicionamento das tropas inimigas.

Cerco a Dunquerque

No final de maio de 1940, as forças aliadas (britânicas e francesas) foram rapidamente cercadas pelos alemães próximo ao porto de Dunquerque, no norte da França.

Milhares de soldados aliados conseguiram escapar por meio de uma dramática evacuação marítima, conhecida como Operação Dínamo ou a Retirada de Dunquerque, um marco na história no que diz respeito à extrema resiliência e uma impressionante “volta por cima”. O filme Dunkirk, de 2017, retrata esta operação.

Dunquerque logo após a evacuação britânica Segunda Guerra Mundial - Wikimedia Commons
Dunquerque logo após a evacuação britânica na Segunda Guerra Mundial
Wikimedia Commons

França é tomada pelos alemães

A operação Blitzkrieg continuou em direção a Paris.

Com o exército aliado desorganizado e sem tempo para se reagrupar, a França se rendeu em 22 de junho de 1940.

O comando francês esperava uma guerra lenta, como na Primeira Guerra, mas sofreu uma ofensiva veloz e coordenada.

Os ataques do Blitzkrieg foram revolucionários para a época, pois combinavam rapidez, surpresa e alta coordenação entre diferentes ramos das forças armadas, mostrando a eficácia da tática alemã de guerra, surpreendendo as potências ocidentais e levando à queda da França em tempo recorde – seis semanas!

O número exato de vítimas deste ataque é difícil de precisar, mas estima-se que durante o Blitzkrieg houve cerca de 92 mil mortos no exército francês, mais de 10 mil mortos ou desaparecidos no exército britânico e aproximadamente 27 mil mortos no exército alemão.

Milhares de soldados franceses foram enviados para campos de prisioneiros na Alemanha.

Entre 35 mil e 40 mil civis franceses foram mortos apenas nesse período, principalmente devido a bombardeios aéreos e deslocamentos caóticos. 

Quando as forças alemãs invadiram a França em maio de 1940 pelo Blitzkrieg, milhões de civis – cerca de 8 a 10 milhões, quase um quarto da população – fugiram para o sul e o oeste, longe da linha de frente, em um dos maiores movimentos de refugiados da história europeia

Estes deslocamentos não foram organizados pelo governo, ocorreram espontaneamente, conduzidos pelo medo e pelas notícias alarmantes.

As estradas francesas ficaram absolutamente congestionadas de veículos, pessoas, animais e bens.

A Luftwaffe (força aérea alemã) atacava estradas cheias de refugiados, às vezes intencionalmente, visando criar ainda mais confusão e impedir movimentos militares.

Bombas e rajadas de metralhadora atingiram comboios de civis, causando mortes e mutilações.

Além disso, o congestionamento gerava colisões, quedas, atropelamentos e mortes acidentais, pois as estradas não estavam preparadas para tamanha quantidade de pessoas e de veículos apressados.

Doentes, idosos e crianças tinham dificuldade para acompanhar o ritmo, e muitos ficavam para trás ou eram pisoteados.

Os fugitivos raramente tinham acesso regular a comida, água, abrigo ou auxílio médico. As longas caminhadas sob o calor, sob chuva ou frio, resultaram em mortes por desidratação, fome e doenças.

Ocorrências de assaltos, saques e outros tipos de violência aumentaram, pois não havia policiamento ou proteção suficiente.

Após a rendição francesa, grande parte do país tornou-se território ocupado, com soldados alemães patrulhando cidades, impondo toque de recolher e confiscação de bens. Já assistiu o filme Suíte Francesa, baseado no livro homônimo de Irène Némirovsky? Pois bem, ele retrata exatamente este período da Segunda Guerra Mundial.

Os franceses eram obrigados a obedecer às autoridades alemãs, como seguir toques de recolher, portar documentos, aceitar a presença de soldados nas ruas, casas e estabelecimentos.

Alimentos, combustíveis e bens essenciais eram racionados e muitas vezes confiscados. Fome, filas e mercado negro marcaram a rotina das famílias, especialmente nas cidades grandes.

Os franceses sofreram humilhações públicas e controle rígido. Desobediência podia resultar em prisões, deportações ou até execuções.

Judeus foram identificados, obrigados a usar a estrela amarela, presos e deportados para campos de concentração. Muitos colaboracionistas franceses ajudaram nesse processo.

Outras minorias e opositores políticos também foram perseguidos, presos e deportados.

Parte da população colaborava com os alemães, seja por convicção, conveniência ou medo. Outra parte criava redes clandestinas de resistência, espionagem, sabotagem e fuga de perseguidos.

Personalidades como Charles de Gaulle fugiram para Londres, de onde lideraram o movimento “França Livre”.

Batalha da Grã-Bretanha

Após derrotar a França em junho de 1940, a Alemanha ficou frente a frente com o Reino Unido, separados apenas pelo Canal da Mancha, ou English Channel.

Mapas da Segunda Guerra Mundial - English Channel ou Canal da Mancha - Fonte: Wikimedia Commons
English Channel ou Canal da Mancha destacado no círculo vermelho – Wikimedia Commons

Aviões alemães tentaram dominar o espaço aéreo britânico para preparar uma invasão terrestre, a Operação Leão Marinho.

No entanto, foram impedidos pela Força Aérea Real Britânica (RAF) na famosa Batalha da Grã-Bretanha, simplesmente um dos confrontos mais decisivos da Segunda Guerra Mundial que marcou a primeira grande derrota do regime nazista na guerra.

Isto ocorreu entre julho e outubro de 1940, logo após a queda da França. Foi a primeira grande batalha travada exclusivamente no ar.

O plano de Hitler era invadir a Grã-Bretanha com uma grande força por mar.

Mas antes, era necessário garantir que a Força Aérea Real Britânica (RAF) fosse destruída ou, pelo menos, neutralizada.

Por quê?

O Canal da Mancha é o braço de mar que separa o sul da Inglaterra do norte da França, com cerca de 30 a 150 km de largura. 

Para que um exército alemão invadisse a Grã-Bretanha após a queda da França, seria preciso transportar tropas e equipamentos em barcos, navios e barcaças desde o continente europeu até as praias inglesas.

Se a Luftwaffe não conseguisse destruir nem neutralizar a RAF, toda essa frota de invasão seria um alvo fácil enquanto cruzasse o canal, afinal, navios e barcos de transporte são lentos e vulneráveis – aviões de combate e bombardeio britânicos poderiam atacar e afundar barcos, navios, barcaças e lanchas cheias de soldados, ou então bombardear a frota de invasão antes de ela chegar à costa, ou também impedir o desembarque, tornando a operação perigosa e quase suicida.

Dominar o céu inimigo significava cruzar o canal com proteção, aumentando as chances de sucesso.

A Luftwaffe começou atacando navios e portos no sul da Inglaterra, tentando enfraquecer rotas de suprimento e atrair a RAF para o combate.

Em agosto de 1940, o foco mudou para ataques intensivos a bases aéreas, hangares, pistas de pouso e estações de radar.

Como resultado, a RAF sofreu muitas perdas, mas conseguiu fazer algumas constatações importantes e adaptar sua defesa. Foi quando eles começaram a usar um sistema de radares.

Torres de radar foram instaladas ao longo da costa do sudeste da Inglaterra e detectavam aviões alemães a mais de 100 km de distância.

As informações coletadas eram rapidamente transmitidas para centros de comando, que coordenavam a resposta da RAF, direcionando aviões de caça exatamente para onde era necessário.

Um Supermarine Spitfire, um caça britânico utilizado na Segunda Guerra Mundial - Wikimedia Commons
Um Supermarine Spitfire, um caça britânico utilizado na Segunda Guerra Mundial – Wikimedia Commons

Durante a Batalha da Grã-Bretanha, aproximadamente 1.800 a 2.000 aviões alemães foram destruídos e cerca de 2.500 pilotos e tripulantes alemães mortos, feridos ou capturados. Essas perdas foram especialmente dolorosas porque a Luftwaffe não tinha grande facilidade de repor pilotos experientes.

Já a RAF perdeu cerca de 1.500 aviões e aproximadamente 1.100 pilotos.

Esta estratégia da Grã-Bretanha mudou o equilíbrio da batalha porque mesmo em menor número, os pilotos britânicos eram direcionados com precisão para interceptar grandes esquadrilhas nazistas.

O sistema de radar foi, nas palavras de muitos, “um dos principais motivos da vitória britânica” nesta batalha da Segunda Guerra Mundial.

Houve, então, uma mudança na estratégia alemã a partir de setembro de 1940.

A Alemanha passou a bombardear Londres e outras cidades, a chamada Blitz. Estes bombardeios massivos foram até maio de 1941.

Aproximadamente 43.000 civis britânicos morreram em bombardeios durante o período da Blitz. Só em Londres, mais de 28.000 civis foram mortos.

Pelo menos 139.000 pessoas ficaram feridas nos ataques aéreos e cerca de 2 milhões de casas foram destruídas ou seriamente danificadas em todo o Reino Unido.

Londres foi atingida por 57 noites consecutivas de bombardeio entre setembro e novembro de 1940.

Milhões de pessoas passaram a dormir em abrigos antiaéreos, metrôs e subsolos. O cotidiano foi marcado por sirenes, blecautes, escassez de bens e perda de lares e familiares.

Apesar do sofrimento, a população não cedeu totalmente, o que ficou conhecido como o “espírito britânico” durante a Segunda Guerra Mundial. O Reino Unido resistiu e a invasão nazista não ocorreu!

Os alemães não conseguiram destruir os caças britânicos nem obter a superioridade aérea. Sofrendo a sua primeira derrota, Hitler cancelou a invasão ao Reino Unido.

A moral dos Aliados ficou elevada e o mundo viu que o então poderoso Eixo podia ser detido.

Cerca de 3.000 pilotos defenderam a Grã-Bretanha, muitos poloneses, tchecos, canadenses e neozelandeses.

O primeiro-ministro Winston Churchill homenageou os pilotos com a célebre frase:  “Nunca, no campo do conflito humano, tantos deveram tanto a tão poucos.”

Próximo alvo: União Soviética

Com a invasão à Grã-Bretanha frustrada, Hitler percebeu que conquistar o Reino Unido seria muito difícil. Assim, ele mudou a estratégia e iniciou a Operação Barbarossa.

Operação Barbarossa durante a Segunda Guerra Mundial
Operação Barbarossa, Alemanha ataca a URSS, 21 de julho de 1941 – The Atlantic

Em junho de 1941, a Alemanha quebrou o pacto de não-agressão e invadiu a União Soviética (URSS) numa gigantesca operação, abrindo a chamada Frente Oriental.

Esta foi a maior campanha militar da história, envolvendo milhões de soldados e vastos territórios, como Rússia, Ucrânia e Bielorrússia.

A Segunda Guerra Mundial então se expandiu para outras regiões:

No Norte da África, alemães e italianos lutavam contra britânicos e tropas da Commonwealth pelo controle do Canal de Suez e do petróleo do Oriente Médio.

Hitler intensificou a perseguição a judeus, ciganos, comunistas e outras minorias nos territórios ocupados na Europa, dando início à fase mais brutal do Holocausto, onde ocorriam assassinatos em massa por meio de fuzilamento promovidos pelos Einsatzgruppen.

Os Einsatzgruppen foram unidades paramilitares especiais cujo objetivo era realizar execuções em massa de civis pertencentes a grupos considerados inimigos pelo regime nazista.

Historiadores estimam que os Einsatzgruppen assassinaram mais de 1 milhão de pessoas durante a Segunda Guerra Mundial.

Foram responsáveis pelo que se chama de Holocausto por balas, ou seja, o assassinato sistemático antes mesmo do uso em larga escala das câmaras de gás nos campos de extermínio.

Os Estados Unidos entram na Segunda Guerra Mundial. Começam as operações decisivas.

Em 7 de dezembro de 1941, o Japão atacou a base americana de Pearl Harbor, levando os EUA a declarar guerra contra o Japão.

Poucos dias depois, a Alemanha nazista, que era aliada ao Japão no Eixo, declarou guerra aos Estados Unidos, que entrou na Segunda Guerra Mundial no dia 8 de dezembro de 1941.

Os EUA eram, na época, a maior potência industrial do mundo. Logo, forneceram armas, munição, aviões, navios, tanques, alimentos e combustível tanto para seus próprios exércitos quanto para os aliados (União Soviética e Reino Unido).

Isso quebrou a vantagem logística e material da Alemanha, que não conseguia competir em volume de produção.

Com os Estados Unidos, o Eixo teve que lutar em múltiplas frentes.

África do Norte (1940–1943)

O norte da África era estratégico para controlar o Mar Mediterrâneo e as rotas para o Oriente Médio, conforme é possível perceber no mapa abaixo.

Posição estratégica do norte da África Segunda Guerra Mundial Fonte GISGeography
O norte da África tinha uma posição muito estratégica durante a Segunda Guerra Mundial – GISGeography

Inicialmente, italianos e depois alemães tentaram conquistar o Egito e o Canal de Suez.

Após sucessos iniciais do Eixo; os britânicos, reforçados pelos EUA, passaram ao contra-ataque.

Durante os meses de outubro de novembro de 1942 ocorreu a Batalha de El Alamein, uma série de conflitos travados entre as forças do Eixo e as forças britânicas perto da cidade de El Alamein, no Egito.

Se o Eixo tivesse vencido, teria acesso ao Canal de Suez e às reservas de petróleo do Oriente Médio.

No entanto, forças britânicas lançaram um ataque massivo em outubro. O Eixo, com suprimentos limitados, não conseguiu resistir e foi obrigado a recuar.

Essa vitória foi um divisor de águas, visto que foi a primeira grande derrota das forças do Eixo em terra na Segunda Guerra Mundial, o que iniciou o recuo nazista na África.

Em 1942, aconteceu a Operação Tocha, primeira grande operação conjunta dos EUA e do Reino Unido, com desembarques simultâneos em Marrocos e Argélia, então controlados pela França.

Neste ataque, tropas americanas e britânicas desembarcaram em várias praias, como Casablanca, Orã e Argel, enfrentando relativamente pouca resistência local.

Após os desembarques, as forças alemãs e italianas se viram encurraladas entre os dois exércitos aliados.

Pouco tempo depois, em maio de 1943, na Batalha da Tunísia, aproximadamente 250 mil soldados alemães ficaram presos na Tunísia, incapazes de receber suprimentos adequados devido ao controle marítimo e aéreo dos Aliados.

O grupo dos Aliados capturou cidades-chave, culminando com a rendição completa das forças do Eixo no norte da África.

Como resultado, cerca de 250 mil soldados do Eixo foram feitos prisioneiros e o controle do Mediterrâneo saiu das mãos deste grupo. Essa vitória permitiu aos Aliados invadirem a Sicília e iniciarem a campanha na Itália, um capítulo decisivo nesta guerra mundial.

Itália (1943–1945)

Depois da vitória na África, os Aliados decidiram invadir a Europa pelo “ponto fraco”: o sul da Itália, dominada pelo regime fascista de Mussolini, aliado de Hitler.

Por que o sul era o ponto fraco da Itália?

Mapas da Segunda Guerra Mundial - Itália, Sicilia - Fonte: Wikipedia
Sicília, na Itália, pintada de vermelho
– Wikipedia

Observando o mapa acima é possível identificar que a Sicília, pintada de vermelho, era o local mais próximo do norte africano e do Mar Mediterrâneo. E quem estava com o controle destas regiões durante este período da Segunda Guerra Mundial? Isto mesmo, o grupo dos Aliados.

Na que foi nomeada Operação Husky, em julho de 1943, os Aliados invadiram a ilha e forçaram a queda de Mussolini.

Após esta derrota, a Itália assinou um armistício em 3 de setembro de 1943 e logo declarou guerra à Alemanha

Os alemães reagiram rapidamente e ocuparam o centro-norte do país, transformando Itália em um campo de batalha.

O 9 de setembro de 1943 foi marcado pela Operação Avalanche, por parte dos Aliados. A intenção era tomar Nápoles, avançar para o norte da Itália e forçar o recuo das forças do Eixo na península.

O desembarque ocorreu nas praias próximas à cidade de Salerno, ao sul de Nápoles.

Enquanto isso, britânicos desembarcaram na Calábria (ponta da “bota”), encontrando pouca resistência.

Os Aliados esperavam encontrar pouca resistência por causa do armistício entre a Itália e os Aliados, anunciado um dia antes.

Só que a realidade foi outra: as forças alemãs já estavam preparadas para resistir e tinham elaborado defesas bem organizadas na região de Salerno.

O cenário foi bem crítico.

Entre 12 e 14 de setembro, houve momentos em que a situação dos Aliados era tão delicada que eles consideraram abandonar a operação, tamanha a pressão dos alemães.

No entanto, os Aliados tinham fatores importantes a seu favor:

  • Superioridade naval e aérea: Os navios aliados forneceram intenso suporte aéreo, caça e bombardeio naval aos soldados em terra.
  • Reforços: Chegada constante de mais tropas e tanques pelas praias.
  • Persistência: Os Aliados resistiram firmemente, mesmo diante de baixas elevadas e ataques coordenados.

O desfecho desta memorável batalha da Segunda Guerra Mundial foi a vitória Aliada. Após duros combates de cerca de duas semanas, a Alemanha percebeu que não conseguiria expulsar os Aliados do continente.

Os alemães recuaram para posições mais ao norte, estabelecendo linhas defensivas.

Em janeiro de 1944 deu-se início à Batalha de Monte Cassino, que se estendeu até maio deste mesmo ano.

A abadia de Montecassino dominava o vale e era peça central da Linha Gustav. 

Onde era Monte Cassino, o que é esta abadia e a Linha Gustav?

A Linha Gustav foi um dos principais sistemas defensivos criados pelos alemães na Itália após a invasão dos Aliados em 1943. 

Mapas da Segunda Guerra Mundial - Linha Gustav - Fonte: Wikipedia
Linha Gustav, na Itália, apontado pela seta vermelha – Wikipedia

Era uma linha intensamente fortificada que se estendia de costa a costa, cortando a península italiana em sua parte mais estreita.

Seu objetivo era deter o avanço dos Aliados em direção a Roma.

A linha incluía obstáculos antitanque, campos minados, bunkers, metralhadoras, canhões e posições estrategicamente posicionadas nos pontos elevados e em vales estreitos.

O ponto mais forte e simbólico da Linha Gustav ficava ao redor da cidade de Cassino, especialmente na colina ocupada pela enorme abadia de Monte Cassino.

Imagem atual da abadia de Monte Cassino - Fonte: Ellsworth Air Force Base
Imagem atual da abadia de Monte Cassino
Ellsworth Air Force Base

A abadia de Monte Cassino era um dos mosteiros mais antigos e importantes do cristianismo ocidental. Foi fundada no ano 529 d.C. por São Bento de Núrsia, o criador da Ordem dos Beneditinos. Fica no alto do Monte Cassino, a cerca de 130 km ao sul de Roma, numa posição de destaque e amplo domínio visual. Quem controlasse o topo do monte dificultava qualquer avanço de tropas pelo vale.

A abadia fazia parte da Linha Gustav.

A Batalha de Monte Cassino foi uma série de quatro grandes ofensivas lançadas pelos Aliados entre janeiro e maio de 1944, tentando romper a Linha Gustav e abrir caminho até Roma.

Para chegar a Roma, era necessário controlar o vale e expulsar os alemães das colinas, tornando o mosteiro um alvo militar crucial.

A primeira ofensiva aliada em janeiro de 1944 fracassou devido à forte resistência alemã e ao terreno difícil, marcado pelo frio, por lama e por montanhas.

Na segunda ofensiva, os Aliados atacaram as defesas, com pesadas baixas, especialmente contra os paraquedistas, unidades da elite alemã.

No dia 15 de fevereiro de 1944, os Aliados bombardearam a abadia, destruindo o prédio histórico. Eles acreditavam que os alemães a usavam como fortaleza.

Mas estavam errados.

Atualmente a abadia está lá, reconstruída. No entanto, sua destruição durante a Segunda Guerra Mundial causou grande tristeza e escândalo internacional, sendo lamentada pelo Vaticano, por estudiosos de arte, religião e cultura mundial.

Paradoxalmente, após o bombardeio os alemães de fato passaram a ocupar as ruínas da abadia para sua defesa.

Na terceira ofensiva, os Aliados novamente não foram bem sucedidos em destruir a linha Gustav e chegamos à quarta ofensiva, a Operação Diadema, em maio de 1944.

Foi um grande ataque combinado de tropas britânicas, polonesas, francesas, canadenses e americanas.

Soldados poloneses foram os primeiros a ocupar as ruínas da abadia em 18 de maio de 1944, após combates sangrentos.

Poucos dias depois, toda a Linha Gustav foi rompida.

Foi uma das batalhas mais duras e sangrentas da campanha italiana nesta guerra mundial.

Essa ofensiva foi decisiva para abrir o caminho rumo a Roma, mas teve um altíssimo custo humano. Estima-se que houve cerca de 44.000 baixas no exército dos Aliados, 20.000 a 25.000 baixas do exército alemão e centenas a alguns milhares de mortes de civis na região.

A vitória em Monte Cassino e a ruptura da Linha Gustav permitiram aos Aliados liberar Roma em 4 de junho de 1944, dois dias antes do Dia D na Normandia, um dos eventos mais importantes da Segunda Guerra Mundial e da história militar moderna, nosso ponto de partida para o próximo post, onde também falaremos sobre a faceta mais tenebrosa desta guerra – o Holocausto.

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