Primeira Guerra Mundial – um guia claro e didático

Efeito dominó que resultou na Primeira Guerra Mundial
Entenda de forma simples e completa exatamente por que começou, como se desenvolveu e como ficou o mundo após a Primeira Guerra Mundial.

A explosão da Primeira Guerra Mundial em 28 de julho de 1914 mudou completamente a ordem do mundo que se estabelecera até então.

Antes, o poder do mundo estava dividido entre grandes potências da Europa, conforme conversamos de forma detalhada aqui.

Naquela época, os Estados Unidos não eram “o centro” do mundo, tampouco a Rússia seu maior arqui-inimigo. Não. Era a Europa quem colocava as cartas na mesa e era a Europa o palco das competições por aquilo que segue como o maior objeto de desejo da humanidade – o poder.

Vamos verificar, por partes, como tudo começou e a forma como todos os ingredientes se dispuseram a fim de resultar neste caldeirão que colocou o mundo inteiro em guerra.

Primeira Guerra Mundial – os oponentes

Grandes potências como Reino Unido, França e Alemanha brigavam por colônias na África, Ásia, Oceania e nas Américas; e também por recursos, como borracha, minérios, petróleo, algodão, trigo, dentre outros.

Esse jogo de poder gerava muita tensão entre os oponentes.

Para se protegerem, os países formaram blocos rivais:  

– Tríplice Entente (Reino Unido, França e Rússia).
– Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália).

Países membros da Tríplice Aliança e da Tríplice Entente Primeira Guerra Mundial

Ao fazer parte de um bloco, um país garantia que, se fosse atacado, teria o apoio militar de seus aliados. Assim, um inimigo pensaria duas vezes antes de atacar um país, sabendo que enfrentaria a força combinada de todos os membros do bloco.

Curiosamente, no entanto, essa dinâmica ajudou a tornar o cenário internacional ainda mais tenso e acabou sendo um dos principais fatores que levaram à eclosão da Primeira Guerra Mundial.

Tudo começou quando o arquiduque Francisco Ferdinando foi assassinado em 1914.

Você sabe por que este assassinato foi tão grave?

Primeira Guerra Mundial – o estopim

O arquiduque Ferdinando era herdeiro do Império Austro-Húngaro

A Áustria-Hungria e a Sérvia se odiavam. Por quê?

Acontece que a Áustria-Hungria era uma potência composta por diversos povos e etnias que tinha como intuito manter seu domínio nos Bálcãs.

O que eram os Bálcãs?

A região dos Bálcãs representava uma área geopolítica complexa que era controlada por dois impérios rivais:

  • Áustria-Hungria; e
  • Império Otomano. 

Para você perceber quão emaranhado era este território, para mencionar os países que dele faziam parte precisaremos fazer uma classificação:

  • Estados independentes que faziam parte dos Bálcãs: Sérvia, Montenegro, Bulgária, Grécia, Romênia e Albânia.
  • Territórios sob domínio do Império Austro-Húngaro que faziam parte dos Bálcãs: Bósnia-Herzegovina, Croácia-Eslavônia, Eslovênia, Dalmácia e Voivodina.
  • Territórios do Império Otomano que faziam parte dos Bálcãs: Macedônia, Trácia (parte do que hoje é a Turquia), Albânia e Kosovo.

O mapa abaixo fornece uma compreensão visual mais precisa.

Bálcãs Primeira Guerra Mundial
Os Bálcãs em 1914 (Wiki Commons)

Conhecido como “barril de pólvora da Europa”, os Bálcãs estavam sempre prestes a explodir devido às frequentes tensões étnicas e territoriais.

Foram os Bálcãs o epicentro da intensa rivalidade entre a Áustria-Hungria e a Sérvia porque incorporava todos os elementos que tornavam o conflito entre estas potências inevitável:

  • Competição por influência: à medida que o Império Otomano se enfraquecia, abriu-se um vácuo de poder nos Bálcãs. A Áustria-Hungria e a Rússia, que estava apoiando a Sérvia, disputavam ativamente para preencher essa brecha de poder.
  • Controle de rotas estratégicas: para a Áustria-Hungria, os Bálcãs representavam a única possibilidade de expansão territorial e, para isso, não mediu esforços a fim de impedir o acesso da Sérvia ao mar.
  • Competição por poder: a Áustria-Hungria era um império multinacional fragilizado por tensões internas, enquanto a Sérvia representava um modelo de estado-nação em expansão. A Sérvia ambicionava unificar todos os territórios habitados por sérvios, incluindo aqueles sob domínio austro-húngaro.
  • Efeito dominó: os austro-húngaros temiam que o sucesso sérvio inspirasse outros grupos étnicos do império (como croatas, eslovenos e bósnios) a buscar independência.

Para lidar com a ameaça austro-húngara e avançar suas ambições nacionais, a Sérvia intensificou sua relação com a Rússia.

A Rússia, por sua vez, forneceu armamentos e treinou oficiais sérvios, fortalecendo significativamente o exército sérvio, que acabou se tornando uma das forças mais eficientes da região.

Também, para reduzir a dependência econômica da Áustria-Hungria, a Sérvia construiu ativamente relações comerciais com, além da Rússia, o Reino Unido e a Rússia

Em 1911 foi fundada, na Sérvia, o “Mão Negra”, organização secreta idealizada por oficiais do exército sérvio que conduzia operações clandestinas em territórios austro-húngaros e usavam de rebeliões e de violência para protestar a favor de suas causas.

O Mão Negra misturava nacionalismo, terrorismo e o sonho de criar uma “Grande Sérvia”, unindo todos os territórios dos Bálcãs.

Um dos integrantes destes grupos era Gavrilo Princip, o assassino do arquiduque Francisco Ferdinando.

Gavrilo Princip era um jovem sérvio nacionalista de 19 anos.

O Mão Negra acreditava que a única maneira de libertar e unificar o povo eslavo era através da violência, tanto que seu lema era “Liberdade ou Morte”. Além de Francisco Ferdinando, eles planejavam assassinar outros líderes austríacos.

No dia 28 de junho de 1914, o Mão Negra armou algumas tentativas de assassinatos ao longo do trajeto do arquiduque em Sarajevo. Na primeira, uma bomba falhou, atingindo o carro de trás. 

O arquiduque seguiu para o hospital a fim de visitar os feridos.

Representação do assassinato do arqueduque Francisco Ferdinando Primeira Guerra Mundial
Representação do assassinato de Francisco Ferdinando (Wikipedia)

E eis que ocorre um acaso fatal: seu motorista fez uma curva errada, parando exatamente em frente ao Gavrilo Princip, que estava comprando um sanduíche. Sem titubear, ele atirou no arqueduque e em Sofia, sua esposa.

Francisco Ferdinando não era popular nem entre os austríacos.

Por que, então, este assassinato foi tão decisivo?

A Áustria viu o ataque como uma provocação da Sérvia e decidiu puni-la. Então, em 23 de julho de 1914, enviou um ultimato à potência rival com duras exigências, como a de permitir que policiais austríacos investigassem o crime em território sérvio.

A Sérvia aceitou quase tudo, mas recusou algumas condições.

Primeira Guerra Mundial – o desenvolvimento do conflito

O que sucedeu foi um efeito dominó das Alianças:

  • Em 28 de julho, a Áustria declarou guerra à Sérvia.
  • A Rússia (aliada da Sérvia) mobilizou seu exército para defendê-la.
  • A Alemanha (aliada da Áustria) declarou guerra à Rússia em 1º de agosto.
  • A França (aliada da Rússia) entrou na guerra contra a Alemanha no 3 de agosto.
  • A Alemanha invadiu a Bélgica (neutra) para atacar a França, e o Reino Unido (que garantia a neutralidade belga) declarou guerra à Alemanha no dia 4 de agosto.

O atentado sozinho não causaria uma guerra, mas num mundo onde as potências estavam em conflito por poder, foi o suficiente para detonar o sistema. Foi como derrubar a primeira peça de um dominó gigante!

Sim, as alianças transformaram uma guerra regional (Áustria x Sérvia) em uma guerra mundial.

Embora tenham adotado uma postura neutra no início, Itália e Estados Unidos, quando tornaram-se ativos, causaram impactos decisivos.  

A Itália fazia parte da Tríplice Aliança, juntamente com a Alemanha e a Áustria-Hungria.

Os italianos não entraram na guerra em 1914. A potência se manteve neutra de início porque a aliança era defensiva, ou seja, só valia se a Itália fosse atacada, o que não aconteceu.

Em abril de 1915, no entanto, a Itália assinou o Tratado de Londres com a Tríplice Entente (Reino Unido, França e Rússia). Como parte do acordo, receberia alguns territórios se, em troca, entrasse na guerra. Assim, em maio de 1915 a Itália declarou guerra contra a Áustria-Hungria; e, em 1916, contra a Alemanha.

Apesar de sofrer uma derrota desastrosa em 1917, a Itália ajudou a desgastar a Áustria-Hungria, contribuindo para seu colapso em 1918.  

Quanto aos EUA, de início mantiveram-se neutros uma vez que tinham uma política de evitar guerras europeias. Ademais, a população era dividida – muitos imigrantes alemães e irlandeses não queriam guerra contra a Alemanha. Sem falar que a economia americana vendia armas e suprimentos para ambos os lados.

Mas em 1917 os Estados Unidos entraram na Primeira Guerra Mundial.

Acontece que a Alemanha adotou uma política de guerra submarina afundando navios – inclusive neutros – que se aproximassem das potências da Tríplice Entente, como Reino Unidos e França. Um destes navios foi o Lusitania, com passageiros americanos. 

Além da indignação pública, isto trouxe prejuízos econômicos e comerciais, uma vez que perderam-se muitos civis e cargas valiosas e o comércio com a Europa ficou interrompido.

Para colocar mais lenha na fogueira, os EUA interceptaram o Telegrama Zimmermann, onde a Alemanha propunha uma aliança com o México contra os Estados Unidos em troca da devolução de territórios perdidos, como o Texas e o Arizona.

Isso foi a gota d’água e os Estados Unidos declararam guerra à Alemanha em 6 de abril de 1917

Dois milhões de soldados foram enviados para a Europa em 1918, substituindo as tropas exaustas da França e do Reino Unido.

Sem falar dos armamentos e equipamentos. Os EUA forneceram 3 milhões de toneladas de munições aos aliados, além de chassis e peças para tanques de guerra franceses e britânicos e cerca de 4.800 aeronaves.

Suprimentos industriais e alimentares como aço e petróleo, essenciais para tanques, navios e aviões; e alimentos como trigo, carne enlatada e açúcar foram outras importantes contribuições dos Estados Unidos aos seus países aliados.

A chegada das tropas americanas deu nova esperança aos exércitos franceses e britânicos, já tremendamente desgastados. Ademais, a Alemanha sabia que não poderia competir com a capacidade industrial infinita dos EUA, acelerando sua derrota.

Em 11 de novembro de 1918, a Alemanha, o principal protagonista da guerra do lado da Tríplice Aliança, assinou o Armistício de Compiègne, incapaz de resistir à nova onda de suprimentos e soldados.

Um armistício é um acordo formal entre partes em conflito para parar as hostilidades, ou seja, um cessar-fogo.

Com o fim da Primeira Guerra Mundial, a então ordem mundial foi reconfigurada.

A ordem mundial depois do fim da Primeira Guerra Mundial

Recapitulando, antes da Primeira Guerra funcionava assim: havia um equilíbrio de poder entre as grandes potências europeias.

Com o fim da Primeira Guerra Mundial foi inaugurada uma era de multilateralismo, isto é, os países mais influentes participavam juntos das decisões, buscando soluções coletivas para os grandes problemas globais.

Além disso, foi configurada uma nova geografia mundial onde os impérios desapareceram e surgiram novos países. Ficou assim:

  • Império Alemão: perdeu colônias e territórios na Europa.
  • Império Austro-Húngaro: dividido em Áustria, Hungria, Tchecoslováquia e Iugoslávia.
  • Império Otomano: reduzido à Turquia e o Oriente Médio foi repartido entre a França e o Reino Unido.
  • Império Russo: transformado em URSS após a Revolução de 1917, perdendo territórios como Polônia e Finlândia.

Novos países:

  • Europa Oriental: Polônia, Tchecoslováquia, Hungria, Iugoslávia e Estados Bálticos (Lituânia, Letônia, Estônia).
  • Oriente Médio: Síria, Líbano, Iraque, Palestina e Transjordânia.

Sobre os tratados e instituições que tinham por intuito mediar as relações entre os países, podemos citar dois:

Tratado de Versalhes (1919-1923)

Tratado de Versalhes Primeira Guerra Mundial (Imperial War Museum Collections)
Representação da assinatura do Tratado de Versalhes
(Imperial War Museum Collections)

Além de criar novos países como a Polônia e a Tchecoslováquia, este tratado impôs duras condições à Alemanha uma vez que foram as ações deste país que ampliaram um conflito regional para a Primeira Guerra Mundial. Algumas das punições que a Alemanha sofreu foram:

  • perda de territórios, como colônias na África e na Ásia;
  • desmilitarização, passando a ter um exército limitado a 100 mil homens, sem tanques nem aviões;
  • reparações econômicas de 132 bilhões de marcos-ouro.

Estas punições contra a Alemanha são bem relevantes, logo mais você vai entender porquê.

Liga das Nações (1920)

Foi a primeira organização internacional estabelecida com o intuito de mediar conflitos e evitar guerras. Porém:

  • os Estados Unidos não entraram;
  • a organização não tinha poder militar para impor decisões;
  • a Alemanha e a URSS foram excluídas inicialmente.

Talvez você se pergunte: mas quem foi o professor que entrou na sala de aula e deu fim à bagunça toda, criando estas condições que colocaram fim à Primeira Guerra Mundial?

Foi principalmente Woodrow Wilson, presidente dos Estados Unidos. Lloyd George, presidente do Reino Unido, e Georges Vlemenceau, presidente da França, foram os responsáveis pelas cláusulas punitivas à Alemanha. Isto acabou por distorcer o propósito de Wilson – paz justa e duradoura.

A Europa estava falida, destruída e sem capacidade de se reconstruir sozinha. Ferrovias, fábricas e cidades foram completamente bombardeadas. Sem falar da baixa na população. A França perdeu 1,4 milhão de soldados e a Alemanha, 2 milhões.

Como se isso não fosse suficientemente devastador, países como França e Reino Unidos contraíram empréstimos massivos para financiar a guerra. Por exemplo, o Reino Unido devia US$ 4,7 bilhões aos EUA em 1919. Convertido para os dias de hoje, seria o equivalente a US$ 100 bilhões!

Antes da Primeira Guerra Mundial, o centro financeiro do mundo era Londres.

Com o fim da guerra, no entanto, o dólar americano começou a substituir a libra esterlina como moeda de comércio global.

Como os Estados Unidos tinham tantos recursos se também gastaram na guerra?

Acontece que os americanos entraram tarde no conflito. Seus gastos militares e baixas no exército foram bem inferiores quando comparados aos países europeus. Lembra da perda de 2 milhões de soldados pela Alemanha? Nos EUA foram “apenas” 116 mil mortos.

Devemos levar em conta também a intocada capacidade industrial dos Estados Unidos.

Enquanto a Europa se bombardeava mutuamente, os EUA aumentaram a produção de aço, petróleo e trigo. Fábricas de automóveis como a Ford e a GM passaram a produzir tanques e aviões. E a indústria química estava a todo vapor na produção de munições e fertilizantes.

E aqui está outra questão muito importante: os aliados compravam armas e alimentos dos Estados Unidos à crédito, gerando dívidas para os europeus e juros para os americanos. Para pagarem esses empréstimos, os países europeus venderam ouro e ativos. Assim, o ouro europeu migrou para os Estados Unidos.

Percebe como a Europa passou a ficar totalmente dependente dos Estados Unidos e como os Estados Unidos, por sua vez, passou a ascender como potência líder global? Assim se estabelecia a ordem mundial pós Primeira Guerra Mundial.

Sobre a Rússia, outro importante player deste conflito, o país perdeu milhões de militares e civis durante a Primeira Guerra Mundial. O povo passava fome e frio e a inflação era altíssima.

Foi neste cenário que surgiu Vladimir Lênin, um importante líder socialista que tomou o poder em outubro de 1917 e retirou a Rússia da Primeira Guerra Mundial.

Vladimir Lênin, da Rússia - Primeira Guerra Mundial
Vladimir Lênin, da Rússia

Lênin instituiu na Rússia o socialismo como uma etapa de transição para alcançar o comunismo no futuro. O comunismo pleno, no entanto, nunca foi atingido, nem mesmo com Stálin depois.

Após a Primeira Guerra Mundial, a Rússia focou em consolidar o regime socialista mantendo-se diplomaticamente isolada e influenciando ideologicamente outros países, como a Ucrânia e a Bielorrússia. 

Foi assim que, em 30 de dezembro de 1922 nasceu a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a URSS, com o objetivo de expandir a revolução comunista globalmente.

Faziam parte da URSS:

  • Rússia
  • Ucrânia
  • Bielorrússia
  • Transcaucásia (união temporária da Geórgia, Armênia e Azerbaijão)

Ao longo dos anos, a URSS foi incorporando outras repúblicas, chegando a 15 no total em 1940 com os países bálticos (Lituânia, Letônia, Estônia) anexados.

De posse destes dados, podemos perceber a ordem mundial que se instalara após a Primeira Guerra Mundial:

  • O Tratado de Versalhes redesenhou a geografia mundial acabando com os grandes impérios e dando origem à novos países, como Turquia, Síria, Iraque, Palestina, Áustria, Hungria, Lituânia, Letônia, Estônia, dentre outros.
  • A Liga das Nações, embora fraca e sem poder militar, entrou como órgão detentor de novas guerras;
  • Os Estados Unidos passaram a ser o grande credor do mundo uma vez que fez grandes empréstimos para a Europa durante a Primeira Guerra Mundial;
  • A Alemanha, antes um império forte, estava humilhada e era odiada pelos outros países;
  • A URSS deu luz ao socialismo e o movimento começou a ganhar força.

O mundo pós Primeira Guerra mundial estava instável, cheio de revoltas e novas fronteiras, plantando as sementes para a Segunda Guerra Mundial. É sobre isso que tratará a continuação da nossa conversa.

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