O Mar Morto é um corpo de água imensamente valioso e voluptuosamente intrigante.
Abrangendo as fronteiras entre Israel e Jordânia, no noroeste da Ásia, o Mar Morto é simplesmente o local mais baixo do planeta Terra.
Isso por si só já faz deste um local muito especial!
Mas há mais para se surpreender acerca deste mar que, na realidade é um lago. Sigam-me os bons!
1. Ficha técnica do Mar Morto
Situado parcialmente em Israel e parcialmente na Jordânia, o Mar Morto está localizado sob um bloco de crosta terrestre cercado por placas tectônicas africana e árabe. Esta característica geológica única contribui para o seu status de superfície mais baixa do planeta Terra – são cerca de 400 metros abaixo do nível do mar. Para contextualizar, o Vale da Morte, o ponto mais baixo da América do Norte, fica apenas 85 metros abaixo do nível do mar.
Mas como um mar vai estar abaixo do nível do mar?
É porque, na realidade, o Mar Morto é um lago, e não um mar.
O Mar Morto – também conhecido como Mar Salgado, Mar do Arabá, Lago Asfaltite e Mar do Ló – é oblongo, tendo cerca de 15 km de largura e uns 75 km de comprimento. Esta última medida sofre variações de acordo com a estação do ano.
2. A salinidade do Mar Morto
A salinidade do Mar Morto é cerca de 34%, isto significa que suas águas são oito vezes mais salgadas do que as águas dos oceanos.
Apesar do alto teor de sal, ele não é o corpo de água mais salgado do mundo. O Lago Don Juan e Lago Vanda, na Antártida, e o Lago Assal, no Djibouti; possuem maior salinidade que o Mar Morto.
Mas por que o Mar Morto é tão salgado?
Uma das razões para elevada salinidade é que o Mar Morto não transborda. Exatamente, ele não tem saída, nada flui dele, de modo que a maior parte da água que entra neste lago evapora no calor intenso do deserto, mantendo nele uma alta concentração de sais minerais.
O nome “Mar Morto” veio exatamente desta característica peculiar. A concentração de sal é tão grande neste lago que nenhum tipo de peixe, nem mesmo variedades de água salgada, consegue viver nele.
Aliás, nenhuma criatura marinha habita nas águas no Mar Morto, apenas algumas bactérias específicas. Os peixes transportados para lá em decorrência de alguma inundação do Rio Jordão ou de riachos menores morrem rapidamente.
A vida vegetal ao longo das margens do Mar Morto é descontínua e consiste principalmente de halófitas, que são plantas que crescem em solo salgado ou alcalino.
Não tente ingerir a água do Mar Morto, o gosto é terrível e pode até machucar a sua garganta, tamanha concentração de sal que contém! Além disso, não entre no Mar Morto se você estiver com alguma ferida não cicatrizada na pele.
Ah! Se você quiser reproduzir a clássica cena de Esqueceram de Mim quando o Kevin leva um queimaço na pele após usar a loção pós-barba do pai, a dica é fazer a barba e depois ir dar um mergulho no Mar Morto. 😆
3. Por que as pessoas flutuam no Mar Morto?
O alto teor de sal e minerais, incluindo cloreto e potássio, contribuem para que as pessoas flutuem sob as águas do Mar Morto com muita facilidade.
Por outro lado, nadar no Mar Morto é tão simples como tentar sapatear no gelo. A alta salinidade do lago torna a água mais densa que o corpo humano, empurrando você para cima. Sendo assim, esqueça a possibilidade de nadar nessas águas. Você pode optar por boiar, mergulhar ou apenas ficar relaxando e curtindo a bela e peculiar paisagem que circunda este tão aprazível local!
4. Propriedades medicinais e estéticas do Mar Morto
O Mar Morto é uma potência de minerais. A água de tal lago contém 26 minerais benéficos, e o ar que o circunda contém quantidades mínimas de poeira e agentes alérgenos em comparação com outros lugares do mundo.
Ademais, sua lama negra com alto teor mineral tem sido usada desde os tempos antigos para tratamentos de beleza e de saúde.
Retrocedendo alguns milhares de anos, encontramos alguns registros do Mar Morto como uma das primeiras estâncias de saúde do mundo, com imperadores e reis famosos como clientes regulares, dentre eles, Herodes, o Grande. As propriedades do Mar Morto eram tão populares que Cleópatra viajava desde o Egito para mergulhar nas águas salgadas e esfoliar a pele com a lama rica em minerais.
E quais são as vantagens do Mar Morto para a saúde e para a beleza?
Estudos sugerem que tomar banho no Mar Morto pode adicionar ao corpo elementos benéficos como magnésio, cálcio, sódio e zinco. Todos estes nutrientes são importantes para manter as células da pele saudáveis.
A areia perto das margens do Mar Morto contém mais de 13 minerais essenciais, incluindo magnésio, potássio e brometo.
Os sais do Mar Morto contêm 21 vezes a concentração mineral da água do oceano, tornando-os incrivelmente calmantes para irritações da pele, como psoríase, eczema e problemas relacionados à inflamações, por exemplo, a artrite.
O brometo é um mineral importante encontrado nos sais do Mar Morto e é conhecido por ter efeitos terapêuticos e calmantes em doenças da pele. Pesquisas sugerem que tomar banhos com esses minerais pode ajudar a reduzir a vermelhidão e a coceira provenientes de doenças cutâneas. Ao mesmo tempo, promovem um equilíbrio saudável da oleosidade da pele.
Pesquisas sugerem que os sais do Mar Morto podem ser benéficos para reduzir o estresse corporal e até mesmo ajudar em problemas respiratórios, como asma ou alergias.
Propriedades antibacterianas fazem das águas do Mar Morto muito eficazes também no combate à infecções fúngicas, como pé de atleta ou comichão.
Quanto à tratamentos de beleza, temos a famosa lama do Mar Morto. A popularidade da lama é atribuída principalmente ao seu vasto conteúdo mineral, o que lhe confere poderosas propriedades anti-inflamatórias. É conhecida por ser um ótimo esfoliante e higienizador da pele e por promover uma incrível hidratação da mesma.
Além da lama, a alta concentração de brometo encontrada no Mar Morto ajuda na restauração natural da pele, deixando-a suave e sedosa.
A indicação de tratamento é banhar-se na água salgada do Mar Morto, cobrir-se com lama espessa e depois enxaguar-se ao pôr do sol.
A Dead Sea Works extrai minerais dessas profundezas salgadas há mais de 70 anos, produzindo fertilizantes à base de potássio, sal para uso industrial e produtos cosméticos especializados.
5. O Mar Morto detém 10% das reservas globais de potássio
O potássio possui muitas aplicações comerciais, que vão desde fertilizantes e conservantes de alimentos até a produção de detergentes e vidros.
A vasta oferta de potássio presente nas profundezas do Mar Morto o torna um grande player no mercado mundial.
Este recurso natural serve como um importante motor econômico para Jordânia, Israel e Palestina. Os três países se beneficiam por ter este recurso à sua disposição.
6. O nível do Mar Morto diminui a cada ano
Sabia que o Mar Morto está diminuindo ativamente devido à sua taxa de evaporação incrivelmente alta?
Cerca de um metro metro por ano, mais especificamente!
Esta alarmante redução que vem sendo identificada causa danos significativos à ecologia e economia da região.
Para evitar uma maior redução, organizações locais tomaram medidas como a construção de centrais de dessalinização e o desvio de rios salgados para longe do mar.
Apesar destes esforços, o futuro do Mar Morto permanece incerto.
7. Os rolos do Mar Morto
Além de todos estes aspectos notáveis, o Mar Morto foi palco de um importante evento da História.
Qumran (hoje conhecido como Khirbet Qumran) era o nome dado à uma localidade que fica no leito de um rio à margem noroeste do Mar Morto, há 13 quilômetros ao sul de Jericó.
Foram em onze cavernas nessa área que, em 1947, foram encontrados os primeiros Rolos do Mar Morto. Parece que eles foram colocados ali pelas pessoas que moravam em Qumran no século 1 d.C. – sim! Há mais de dois mil anos!
Muitos estudiosos afirmam que aqueles habitantes de Qumran eram membros da seita judaica dos essênios. Para proteger tais importantes documentos, eles os esconderam nas cavernas antes de fugir da invasão romana de 68 d.C. Os romanos destruíram aquele povoado e, ao que parece, mantiveram ali uma guarnição até por volta de 73 d.C.
Mas do que se trata o conteúdo destes rolos tão cuidadosamente escondidos?
Tratam-se de 930 manuscritos judaicos bíblicos e não bíblicos. A maioria deles foi escrita em hebraico, mas alguns foram escritos em aramaico e outros em grego. Cerca de um quarto desses documentos eram manuscritos e fragmentos bíblicos. Eles continham partes de todos os livros das Escrituras Hebraicas, com exceção de Ester.
O que torna esses documentos especialmente importantes é a sua idade. Eles datam do século 3 a.C. ao século 1 d.C. Um deles, um rolo de couro que contém o livro de Isaías, foi escrito uns mil anos antes da cópia mais antiga do texto hebraico de Isaías conhecida até então.
Os estudiosos compararam cuidadosamente o texto desse rolo de Isaías, assim como o de outros livros bíblicos encontrados nos Rolos do Mar Morto, com o texto de manuscritos copiados cerca de mil anos mais tarde. Essa comparação mostrou que o texto hebraico da Bíblia tinha sido preservado com extraordinária precisão. É interessante que o nome de Deus – Jeová – aparece com muita frequência tanto nos documentos bíblicos como nos não bíblicos.
E como foram encontrados estes valiosos rolos do Mar Morto?
De uma forma muito curiosa!
No início de 1947, um pastor beduíno lançou uma pedra para dentro de uma caverna. Então, ele ouviu a pedra quebrar um vaso de barro. Ele simplesmente acabara de encontrar os primeiros rolos de tal coleção que veio a ser chamada de Rolos do Mar Morto, o que alguns têm chamado de a maior descoberta arqueológica do século 20.
E é com essa fascinante informação que encerramos nossa conversa sobre o digníssimo Mar Morto!
Se tens a intenção de conhecer um pouco mais de arqueologia e descobertas históricas, relaxar a mente, tratar doenças e cuidar da sua beleza, o Mar Morto é o endereço que te proporciona todas estas experiências de uma só vez. Que tal?