Para quem se sente responsável pela felicidade alheia

Reflexões para quem acha que é responsável pela felicidade dos outros.
Sua felicidade está ancorada na felicidade dos outros?

Antigos barcos à vapor utilizavam carvão como combustível.

Na parte de cima do barco ficavam o capitão com a tripulação e, na parte de baixo, estavam os maquinistas que jogavam carvão na caldeira da embarcação.

Em certo momento da viagem, um dos maquinistas joga a sua pá, chega perto de um colega e diz:

“Você percebeu que o navio está indo para a esquerda agora? Isso não está certo! Eu acho que neste ponto da viagem deveríamos estar indo pra frente, e não para o outro lado. O capitão não deve saber muito bem o que está fazendo. Eu vou dar um pulo lá em cima e vou falar com ele.”

Seu colega enfaticamente lhe respondeu:

“Só joga o carvão!”

Essa historinha ilustra aspectos fundamentais que tange emoções e relacionamentos, especialmente sobre a necessidade que muitos de nós tem de resolver os problemas e garantir a felicidade das pessoas que ama.

Quando alguém nos relata alguma dor física ou emocional, por vezes sentimos a responsabilidade de garantir que a pessoa fique bem; e se não conseguimos resolver o seu problema, nos sentimos culpados e inadequados.

Pode até parecer egoísta não intervir e cuidar das coisas. Afinal, familiares e amigos não deveriam apoiar uns aos outros?

Sim, claro.

Mas há uma diferença entre amar e apoiar alguém e tentar resolver seus problemas e fazê-lo feliz.

Cada um é responsável pela sua própria felicidade.

Tentar assumir a responsabilidade pela felicidade de outra pessoa pode prejudicá-la a longo prazo e privá-la de experienciar coisas surpreendentes que só acontecem quando você desiste de direcionar o navio e cuida apenas da sua função – jogar o carvão.

Quando essa necessidade toma conta de nós, é interessante refletirmos em duas amargas, porém necessárias, realidades enunciadas pela autora de best-seller Gabrielle Bernstein.

A primeira delas é: reconheça que você não pode privar alguém de chegar ao fundo do poço.

Cada um de nós passou por momentos decisivos em nossas vidas que foram oportunidades para virar o jogo totalmente. Muitos leitores agora podem estar lembrando de alguma situação difícil que enfrentaram que, no fim, foi responsável por importantes mudanças. Quando você tenta consertar outra pessoa, você apenas atrapalha o potencial dela de vivenciar esse milagre.

E a segunda verdade é: saiba que você não pode mudar quem não quer ser mudado.

Quando tal pessoa estiver pronta para que essa mudança ocorra em sua vida, você estará lá. Esta é uma sincera manifestação do amor que é “paciente e bondoso”. O amor que “não procura os seus próprios interesses”. O amor que “acredita [e] . . . persevera em todas as coisas.” – 1 Coríntios 13:4, 7

Embora você não possa ser responsável pela felicidade de outra pessoa, há coisas que estão ao seu alcance, como orar por ela e manter o otimismo sobre a capacidade que esse indivíduo tem de vencer os obstáculos que lhe assolam.

Se a pessoa que você ama vier até você pedindo ajuda, existem formas eficazes de fazer isso.

Quando vamos ajudar alguém, o que mais precisamos é nos colocar no lugar da pessoa, e não tentar resolver seus problemas. Consolar é melhor que solucionar.

Você já teve que lidar com alguém que sofre de depressão?

Às vezes, uma pessoa muito triste ou deprimida pode falar palavras duras.

Nestes momentos, não é amoroso tampouco sensato reprimir, culpar ou forçar essa pessoa a reagir e tomar alguma atitude.

A melhor forma de ajudarmos é não levar tão a sério o que a depressão leva muitos a falar. Tente lembrar o tipo de pessoa que ela é quando está com a mente saudável. Quem sabe amorosa, bondosa, generosa? Pessoas deprimidas dizem muitas coisas que, na realidade, não querem dizer. Quando a poeira baixar, podemos ajudar essa pessoa a se acalmar.

Por fim, aceite quem você deseja salvar (ou depois desta leitura, desejava) do modo como ela é. Não lute contra o funcionamento dela. Há histórias escondidas e aspectos íntimos que são muito individuais e um julgamento crítico acerca deles é inadequado e injusto. A aceitação é um dos sublimes aspectos do amor.

Finalizo esta leitura com as belas palavras de um escritor que disserta sobre este tema da seguinte maneira:

“Não ser capaz de compreender alguém que amamos é doloroso, mas não é nossa culpa. É lamentável que nosso amor não seja forte o suficiente para alcançar profundidades onde possamos salvá-los. Podemos nos aprofundar no fato de que talvez eles não sejam nossos para salvá-los, mas sempre serão nossos para amar.”

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Uma resposta

  1. Sofro dessa síndrome de pensar que posso “salvar” alguém. Só me dei conta disse quando fui alertada que ao tentar ser a salvadora, me coloco como sendo superior a pessoa que estou tentando “salvar” e, na maioria esmagadora dos casos, não possuo a experiência ou a capacidade de fazer isso. Amei o texto e a forma direta mas sensível que trata desse assunto porque no fundo, acredito que muitos fazem isso com com boas intenções, sem entender as complexidades que isso acarreta! Su, obrigada por trazer essa luz ao assunto e refletir sobre de uma maneira tão bela! Arrasaste mais uma vez, as usual 💅🏽

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