É possível fazer uma pessoa mudar?

É possível mudar alguém? Como mudar uma pessoa?
É possível mudar uma pessoa de forma que ela adote nosso ponto de vista e se comporte de acordo com nossos padrões?

Querido(a) leitor(a), lamento informar que não, não temos como fazer uma pessoa mudar.

Mas sei bem como te sentes.

Talvez tenhas um familiar que você ama muito que tenha um jeito de ser que prejudica muito a ele e às pessoas com quem interage.

Pode ser que a pessoa com quem nutres relacionamento amoroso tenha comportamentos que você reprova em absoluto e que dificultam a convivência mútua.

Ou quem sabe um amigo ou uma amiga que vive levando pauladas da vida porque não muda a forma como pensa e age.

Em todos os casos, você acredita ter conselhos para dar e valores para replicar que poderiam transformar a vida desta pessoa significativamente. E o relacionamento entre vocês também.

Você até tenta indicar um livro para ela ler, um psicólogo para ela conversar, um filme para ela meditar, um remédio que ela poderia tomar . . . mas não adianta. Ela não aceita a ajuda.

É como se a pessoa tivesse um problema de saúde e nós tivéssemos o remédio exato para curar-lhe completamente. Mas ela não quer tomar.

Será que a situação é exatamente da forma como julgamos que seja?

Por que queremos mudar as pessoas?

Sei que soa uma pouco duro de ler, mas ninguém está quebrado e ninguém precisa ser consertado.

O que é para nós um problema no outro não necessariamente é classificado dessa forma por ele. Quando insistimos em “consertar” uma pessoa, lhe persuadindo a pensar e agir conforme o que achamos que é bom para ela, o efeito alcançado pode ser exatamente o oposto – afastamento ou desgaste do relacionamento.

um estudo que lista três (impactantes) motivos que justificam porque temos essa tendência de querer mudar o outro. Espero que possas ler com o coração aberto, assim como eu precisei abrir o meu ao refletir sobre isso.

Queremos mudar o outro para substituir o que precisamos mudar em nós mesmos

Muitas vezes queremos mudar outras pessoas porque precisamos, na verdade, cuidar de nossa própria cura.

Você entende a magnitude disto?

Olhar para nossos fantasmas adormecidos e dar voz aos nossos gritos sufocados pode ser muito assustador. Abafar isso tentando fazer outra pessoa mudar pode ser mais fácil do que enfrentar as mudanças que nós mesmos precisamos fazer.

Nossa reatividade ao comportamento da pessoa que queremos “salvar” é provavelmente a vazão de nossos próprios problemas inconscientes.

Queremos mudar o outro para nos sentirmos um salvador

De forma inconsciente, o intuito de mudar outra pessoa pode ser motivado pelo desejo de nos tornarmos o herói ou a heroína de alguém.

Isso é comum em relacionamentos amorosos.

Podemos nos sentir atraídos exatamente pelo tipo de pessoa que acreditamos ter uma ferida que podemos curar. Bancar o herói, na realidade, favorece mais o próprio salvador do que a vítima.

Sabe por quê?

A nível insconsciente, a “heroína” é quem será curada, porque a transformação que ela acredita fazer na vida de quem se relaciona a fará se sentir melhor consigo mesma. Além disso, supõe que será amada pela pessoa a quem salvou.

Isso é uma grande ilusão em ambas as óticas porque não podemos curar os outros e os outros não podem nos curar.

Aliás, falando em ilusão, relacionamentos amorosos e mudar pessoas, quando desejamos muito mudar alguém para só assim gostar dela pra valer, não estamos falando de amor. Essa leitura em grifo esclarece esse detalhe em miúdos.

Queremos mudar o outro porque acreditamos que é o que se espera que façamos

Algumas pessoas sabem que precisam fazer transformações em suas vidas mas não querem assumir essa responsabilidade. Para tanto, acreditam que cabe à pessoa com quem se relacionam lhes proporcionar esta cura.

Mas obrigar alguém a fazer algo, mesmo que seja para o bem dela, requer uma certa intervenção na vida alheia; o que facilmente pode ultrapassar limites. Em muitos casos, isso pode mais atrapalhar do que ajudar.

Vou te dar um exemplo.

Carlos perdeu o emprego e há dias está deitado no sofá, falido e sentindo pena de si mesmo.

Preocupada, a mãe de Carlos começa a preencher vários formulários de emprego para o filho. Ela o recrimina pelo comportamento que ele está adotando e Carlos se sente culpado por ser um perdedor.

Embora as intenções da mãe sejam boas, essas atitudes acabam saindo pela culatra.

Sabe por quê?

Porque a mãe de Carlos está violando os limites. Ela está assumindo a responsabilidade pelas ações e emoções do filho. Isso definitivamente estraga os relacionamentos.

Pense agora pela perspectiva do Carlos.

Carlos está sentindo pena de si mesmo e lutando para sobreviver neste mundo cruel.

Ele está parasitando no sofá enquanto sua mãe sai e consegue um emprego para ele.

Além disso não resolver o problema de Carlos achar que o mundo está contra ele, é mais uma prova para Carlos de que definitivamente há algo de errado com ele. Afinal, se ele não fosse tão ruim, ele não precisaria que sua mãe saísse e arranjasse um emprego para ele, certo?

Então, ao invés de Carlos aprender, “sim, o mundo é cruel, mas eu posso lidar com isso”; a lição que fica é “eu sou um adulto que ainda precisa que a mãe faça tudo por mim, sou um otário perdedor.”

É desta forma que as melhores tentativas de ajudar alguém muitas vezes saem resultam em um efeito contrário ao esperado – você não pode fazer com que alguém tenha confiança, responsabilidade e dignidade porque os meios que você usa para isso destroem a confiança, a responsabilidade e a dignidade dele.

Como uma pessoa pode mudar?

Para que uma pessoa mude genuinamente, ela precisa sentir que a mudança é dela – que ela a escolheu e a controla. Caso contrário, perde todo o seu efeito.

Até que uma pessoa escolha por si própria seu valores e assuma a responsabilidade pelas suas próprias experiências, nada será verdadeiramente curado.

Então, desista de querer mudar alguém. Você pode sutilmente ajudar a pessoa despertar para alguma mudança sabendo que cabe a ela decidir o que fará ao acordar – se voltará a dormir ou sairá da cama.

Mark Manson, autor de best-sellers do The New York Times, citou três formas de como podemos fazer isso.

Dê um bom exemplo

Já percebeu um efeito cascata em seus relacionamentos quando você fez uma grande mudança em sua vida?

Por exemplo, se você decide se alimentar de forma mais saudável, as pessoas à sua volta que repararam os efeitos positivos em sua saúde e aparência podem se sentir motivadas a fazer o mesmo.

Ao invés de dar as repostas, faça perguntas melhores

Conforme conversamos até agora, fornecer respostas pode sabotar seus relacionamentos. Uma alternativa que você tem é fazer perguntas melhores.

Ao invés de dizer: “Vê se arruma um emprego!”, você pode dizer: “Precisa de ajuda para distribuir seus currículos?”

Ao invés de dizer: “Como você é grosseira com sua irmã!”, talvez possa perguntar: “O que tu mais gosta na tua irmã?”

Ao invés de dizer: “Você deveria se afastar dessa má companhia”, quem sabe você pode falar: “Você acha que essa amizade te faz bem?”

Fazer perguntas é difícil. Requer raciocínio, paciência e muita cautela. Mas talvez é por isso que seja um método tão eficaz. Há quem diga que quando você vai num terapeuta, na verdade está pagando apenas por perguntas melhores.

Ofereça ajuda incondicional

Isso não significa que você nunca poderá dar as respostas.

Mas sabe quando você deve fazer isso?

Quando for solicitado.

Há uma grande diferença entre dizer: “Eu sei o que é melhor pra você!” e você vir até mim e pedir: “O que você acha que é melhor para mim?”

No segundo caso, há respeito pela autonomia da pessoa. No primeiro, não.

Portanto, muitas vezes a melhor coisa que você pode fazer é simplesmente deixar claro que você está disponível se a pessoa precisar de você.

Há casos em que você pode ser mais específico. Por exemplo, se um amigo está enfrentando uma situação difícil com os pais, ao invés de dizer o que ele deveria fazer, que tal contar sobre problemas similares que você mesmo teve com seus pais? Isso permite à pessoa que precisa de ajuda tomar sua decisão sobre o que fará com a informação que recebeu – descartar ou utilizar para o seu bem. Em ambos os casos, é uma escolha que só ela pode fazer.

Sim, cada um de nós só é capaz de mudar a si mesmo. Portanto, como disse Coco Chanel, “Não perca tempo batendo na parede esperando transformá-la em uma porta.”

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