Mark Zuckerberg anuncia drástica mudança nas redes sociais

Mark Zuckerberg mudanças no Instagram, Facebook e Threads.
Entenda o que significa o pronunciamento de Mark Zuckerberg sobre as mudanças que ocorrerão no Instagram, Facebook e Threads a partir de 2025.

Mark Zuckerberg, o cofundador do Facebook, influente figura no setor de tecnologia e um dos bilionários mais conhecidos do mundo, anunciou que a Meta implementará grandes mudanças em suas políticas de moderação de conteúdo.

No recente 07 de janeiro de 2025, em um discurso intitulado “Mais discurso e menos erros”, Zuckerberg comunicou parceria oficial com o Governo dos Estados Unidos para promover a liberdade de expressão na Internet ao redor do mundo, uma vez que os apoiadores de direita de Donald Trump, atual presidente americano, há muito denunciam a moderação de conteúdo online como uma ferramenta de censura.

As próximas modificações da Meta entrarão em vigor em seu trio de grandes plataformas de mídia social: Facebook, Instagram e Threads, que são usadas por mais de 3 bilhões de pessoas em todo o mundo.

Quais são essas mudanças e o que elas significam?

O que Mark Zuckerberg anunciou sobre a moderação de conteúdos

Mark Zuckerberg alega que as organizações de checagem de fatos se mostravam tendenciosas quanto a selecionar o conteúdo para moderar.

Como assim?

Muitos usuários das redes sociais do grupo Meta argumentam que certos conteúdos são moderados de forma inconsistente, sendo tratados de forma diferente dependendo do contexto ou das pessoas envolvidas. Por exemplo, imagens artísticas que incluem algum grau de nudez podem ser removidas por violarem políticas de nudez, enquanto imagens consideradas explicitamente pornográficas escapam da moderação.

Além disso, há alegações de que decisões de moderação às vezes refletem tendências políticas, favorecendo um determinado lado em detrimento de outro.

Sem mencionar que frequentemente faltam explicações claras sobre quais padrões são aplicados na moderação e por quê, gerando percepções de vieses.

Como funcionava o sistema de checagem de informações até então?

Antes do anúncio de Mark Zuckerberg, as plataformas de mídia social como Facebook, Instagram e Threads usavam organizações de checagem de fatos terceirizadas para verificar a autenticidade e a precisão do conteúdo postado.

Essas organizações avaliavam o conteúdo e sinalizavam desinformações para uma investigação mais aprofundada.

Quando um verificador de fatos determinava que um conteúdo era falso, a Meta tomava medidas para limitar substancialmente o alcance desse conteúdo, garantindo que ele chegasse a um público significativamente menor.

E quem eram esses avaliadores de conteúdo?

Desde 2016, a Meta trabalhou com mais de 90 organizações de checagem de fatos em mais de 60 idiomas ao redor do mundo. Algumas das principais incluem a PolitiFact, Check Your Fact, FactCheck.org e AFP Fact Check. Tais organizações tendem a ter a mesma ideologia política.

Checagem de fatos através de Notas da Comunidade

“É hora de voltar às nossas raízes em torno da livre expressão”, disse Mark Zuckerberg na postagem com o vídeo de cinco minutos.

O que ele propõe para acabar com a tendenciosa avaliação de conteúdos aplicada até então?

A Meta planeja implantar um novo sistema de Notas da Comunidade, onde os usuários podem identificar postagens de outros que possam conter informações enganosas ou falsificadas, tal como ocorre na plataforma X, o antigo Twitter.

Na prática, como isso funciona?

No X, usuários da redes social podem se inscrever para se tornarem colaboradores. Esses colaboradores são responsáveis por adicionar notas a tweets que consideram potencialmente enganosos ou desinformativos.

Contanto que o usuário não tenha violações no X desde janeiro de 2023, tenha um número de telefone verificado fornecido por uma operadora de telefonia legítima e sua conta na plataforma tenha pelo menos seis meses de idade, ele é elegível para participar.

Suponhamos que um usuário poste no X: “Beber 10 litros de água por dia cura qualquer doença!”

Um colaborador da comunidade vê o tweet e acredita que ele é potencialmente enganoso ou contém informações médicas incorretas.

Então, ele adiciona uma nota ao tweet, explicando: “Não há evidências científicas de que beber 10 litros de água por dia cure doenças e pode ser perigoso para a saúde. Especialistas recomendam uma média de 2 a 3 litros de água por dia para a maioria dos adultos. Veja mais: [link para um artigo confiável sobre hidratação].”

Outros colaboradores revisam a nota. Eles verificam se a informação é precisa e se a nota é clara e útil.

Os revisores têm, então, um sistema de votação, onde podem concordar ou discordar da utilidade da nota.

Para um consenso, a plataforma utiliza um algoritmo que leva em consideração a diversidade e a quantidade de revisores que avaliaram a nota como útil. Esse ponto é muito importante porque pessoas de diferentes formas de pensar serão atualizadas, não prevalecerá a opinião de um grupo específico, que tem a mesma opinião sobre economia, política e sociedade.

Se a nota atinge um nível suficiente de consenso quanto à sua utilidade e precisão, ela é adicionada ao tweet e se torna visível para todos que veem o tweet original, ajudando a mitigar a disseminação de informações errôneas.

Quão eficazes tem se mostrado as Notas da Comunidade?

Em outubro de 2024, a Universidade de Illinois publicou um artigo sobre o recurso Notas da Comunidade do X, liderado pelo professor assistente de administração de empresas Yang Gao. Em geral, os resultados de seu estudo foram positivos.

“Descobrimos que receber uma nota da comunidade exibida aumenta a probabilidade de retratação do tweet, ressaltando assim a promessa da verificação coletiva.”

Outro artigo de pesquisa liderado por pesquisadores da Universidade de Luxemburgo publicado em abril de 2024 no Open Science Framework (OSF) – que permite que pesquisadores compartilhem seus artigos acadêmicos – descobriu que o uso de Notas da Comunidade reduziu a disseminação de postagens enganosas em uma média de 61,4%.

No entanto, o artigo de pesquisa acrescentou: “Nossas descobertas também sugerem que as Notas da Comunidade podem ser lentas demais para intervir no estágio inicial (e mais viral) da difusão.”

Meta muda sua sede de operações para o Texas

Outra mudança anunciada por Zuckerberg é que a Meta realocará suas equipes de moderação de conteúdo da Califórnia para o Texas, esperando que a mudança ajude a “construir confiança” enquanto tem “menos preocupações sobre a imparcialidade de nossas equipes”.

Zuckerberg parece estar seguindo os passos de Musk, que transferiu a sede da Tesla para Austin, Texas, em 2021.

Por que esta mudança geográfica?

Essencialmente porque o Estado da Califórnia é tendencialmente liberal enquanto o Texas é, no geral, mais conservador.

Além disso, as condições econômicas, políticas e sociais no Texas criam um ambiente atrativo que algumas empresas consideram vantajoso em comparação com a Califórnia.

Por exemplo, o Texas não cobra imposto de renda estadual, contrastando com a Califórnia, que possui um dos impostos de renda mais altos dos Estados Unidos.

Sem mencionar o custo de vida. Os preços dos imóveis no Texas são geralmente mais baixos comparados com a Califórnia. Isso resulta em custos menores para instalações empresariais e favorece a contratação, pois os funcionários podem viver com mais conforto por menos dinheiro.

Ademais, no Texas há menos burocracia em comparação com a Califórnia, que tem uma reputação de regulamentação pesada e complexa.

Por esses e outros motivos, cidades como Austin e Dallas, no Texas, estão rapidamente se tornando centros de tecnologia e inovação, oferecendo oportunidades para investimentos e acesso a talento qualificado.

Quais mudanças perceberemos nas redes sociais a partir de 2025?

No momento, esse novo recurso será válido apenas nos Estados Unidos.

A partir de 2025, americanos verão com mais frequência no feed do Instagram, Facebook e Threads notícias de todos os viéses políticos, conteúdo sobre imigração, gênero e outros tópicos outrora censurados nessas plataformas.

Obviamente isto não indica que haverá uma irrestrita liberdade de expressão para postagem de conteúdos odiosos e criminosos. As leis que vigoram fora do ambiente virtual também vigoram dentro do ambiente virtual e logicamente não haverá palco para disseminação de crimes.

Embora essas mudanças ocorram nos próximos meses nos Estados Unidos apenas, Zuckerberg também se referiu a outras regiões e países em seu vídeo, incluindo Europa, China e América Latina.

“A Europa tem um número cada vez maior de leis, institucionalizando a censura e tornando difícil construir qualquer coisa inovadora lá,” disse ele. “Os países latino-americanos têm tribunais secretos que podem ordenar que as empresas retirem coisas discretamente. A China censurou nossos aplicativos para que nem mesmo funcionem no país. A única forma de podermos lutar contra essa tendência global é com o apoio do governo dos EUA, e é por isso que tem sido tão difícil nos últimos quatro anos, quando até mesmo o governo dos EUA tem defendido a censura.”

Em uma declaração recente, a UE rejeitou as alegações da Meta de que se envolveu em qualquer forma de censura sob sua regulamentação digital.

“Rejeitamos absolutamente qualquer alegação de censura de nosso lado,” a porta-voz da Comissão Europeia Paula Pinho disse a repórteres em Bruxelas.

Aqui no Brasil – o local com “tribunais secretos que podem ordenar que as empresas retirem coisas discretamente” mencionado por Zuckerberg – também há resistência na aceitação das novas diretrizes do Meta.

Um dia após o anúncio da Meta tornar mais permissiva a moderação de postagens dos usuários, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou que a corte “não vai permitir que as big techs, as redes sociais, continuem sendo instrumentalizadas, dolosa ou culposamente, ou ainda somente visando lucro, instrumentalizadas para ampliar discursos de ódio, nazismo, fascismo, misoginia, homofobia e discursos antidemocráticos.”

Só nos resta aguardar os próximos capítulos para saber se, aqui no Brasil, experimentaremos ou não dessa revolução nas mídias sociais.

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