Eu acredito e confio muito em Deus. Tenho a inabalável crença de que ele é o criador de todas as espécies de vida que existem.
Porém, no meu ponto de vista, apesar de estar ciente, Deus não se envolve diretamente em certas circunstâncias e acontecimentos que permeiam a nossa existência. Acho que ele criou e delegou a um certo elemento o poder de reger algumas leis naturais. Eu chamo esse elemento de Vida.
Vida com V maiúsculo
A “Vida” com V maiúsculo à qual me refiro e que destaquei dessa forma para diferenciá-la, não se trata do oposto da morte, que chamaremos de “vida” com v minúsculo.
Tampouco se refere a alguma criatura espiritual de mente pensante e sentimentos porque isso não tem nada a ver com anjos, demônios nem algum ser outrora humano porque acredito que nenhuma parte de nós sobrevive à morte do corpo.
A Vida é simplesmente um elemento descaracterizado com figura de juízo, uma vez que é ela quem rege alguns princípios fundamentais da existência humana. Quais princípios ou leis seriam estes? Vou explicar.
As leis da Vida
Existem situações que erroneamente são classificadas por alguns como carma e talvez por outros como castigo de Deus.
Isso faz sentido? Não.
Por quê?
No caso de ser castigo de Deus, dando direito de resposta ao réu, que neste caso é Deus, ele responde essa acusação de uma forma tão clara que nem é necessário mais pesquisas para o entendimento do assunto. Um único versículo das Escrituras Sagradas, Tiago 1:13, relata o seguinte: “com coisas más, Deus não pode ser provado, nem prova a ninguém.”
A questão do carma, que parte do princípio que carregamos fardos de outras vidas, para mim não faz sentido por vários motivos. Vou citar dois que fazem parte da linha lógica.
Se as almas reencarnam, por que a população mundial aumenta constantemente? Se houvesse um número fixo de almas reencarnando, a população deveria permanecer estável ao longo do tempo. Além disso, a ideia de que uma alma “evolui” através de várias vidas não explica por que algumas pessoas nascem em condições extremamente desfavorecidas (fome, guerra, doenças), enquanto outras têm vidas privilegiadas desde o início. Isso contradiz a noção de justiça ou progresso espiritual.
É claro que muitas situações trágicas e lastimáveis são decorrentes de más escolhas feitas por grupos ou indivíduos ou então, fatalidades creditadas ao tempo e o imprevisto, o famoso “estar no lugar errado na hora errada”.
Mas algumas situações, ao meu ver, ocorrem por causa das leis da Vida, que no meu entendimento são regras que Deus previamente estabeleu para um correto e organizado ciclo da existência e delegou à Vida o gerenciamento e aplicação dos respectivos benefícios e sanções.
Algumas destas leis são:
- “Cada um seifará o que plantar.”
- O subconsciente tem poder de atrair o que desejamos.
- Traumas de infância não resolvidos podem ser perpetuados por gerações até alguém quebrar o ciclo de repetição de comportamento.
Vamos tratar de cada uma delas.
Quem planta, colhe
Quem aí já teve um colega valentão que fazia bullying com os fracos e oprimidos? Alguém lembra de alguém que é pilantra no emprego, usando de artimanhas para roubar do patrão ou passar a perna nos colegas? Você conhece um fulano ou uma fulana que vive espalhando fofocas e mentiras, só para causar confusão e prejudicar os outros?
Pode ser que anos e anos se passaram e tal pessoa continuou vivendo sua vida numa boa apesar de passar por cima de todo e qualquer princípio de virtude e respeito pelo próximo e por si mesma.
Mas cedo ou tarde, o que fatalmente aconteceu ou irá acontecer com esta pessoa?
Sim. Aquele que fazia bullying com o colega estranho virou um João-Ninguém. O espertalhão da empresa foi demitido por justa causa. A fulaninha da língua comprida se tornou uma pessoa solitária e amargurada.
O que foi que deu errado? Deus castigou estes indivíduos? Foram eles injustiçados?
Não. Eles simplesmente entraram no ciclo da Vida e colheram do seu plantio. A Vida, embora justa, é um juíz implacável. Ela não faz concessões e não tem piedade. Ela simplesmente executa seu perfeito juízo.
O contrário mostra-se verdadeiro: aqueles que sempre se esforçaram em viver uma vida digna, honesta e virtuosa, mesmo que por anos tenham sido suprimidos ou injustiçados invariavelmente também percorrem o ciclo da Vida: a semente plantada vai brotar, vai crescer e mesmo que seja muito tempo depois, ele vai colher do que plantou; e sim, neste caso a Vida lhe reservará gratas surpresas.
O poder do subconsicente
Me parece que quando Deus criou o ser humano ele nos atribuiu certa ínfima medida do seu poder, literalmente falando. Este poder tem a sua sede estabelecida: nosso subconsciente. E na minha imaginação, Ele concedeu que a Vida gerenciasse as regras dessa força que muitos adormecerão sem ter tido noçãovde todo o seu potencial.
Ao meu ver, a Vida tem regras claras sobre o poder do subconsciente e não sei se um dia nós, humanos, as conheceremos. Mas observando algumas pessoas que alcançaram sonhos aparentemente inacessíveis, percebo que:
- estes sonhos não podem prejudicar o próximo;
- a visualização do alcance do objetivo deve ser muito clara na mente de quem tem o propósito;
- é preciso tomar ações alinhadas com o propósito.
Vou mencionar apenas um exemplo.
Nos anos 1990, antes de se tornar uma estrela mundial, Jim Carrey estava lutando para conseguir papéis significativos em Hollywood. Ele era um comediante em ascensão, mas ainda não havia alcançado o sucesso que desejava. Foi então que ele começou a usar uma técnica poderosa: a visualização criativa.
Jim Carrey escreveu um cheque para si mesmo no valor de 10 milhões de dólares, datado para o Dia de Ação de Graças de 1995. No campo “descrição”, ele escreveu: “Por serviços prestados”. Ele carregava esse cheque na carteira e, todas as noites, visualizava-se recebendo esse valor por seu trabalho como ator.
Ele repetia para si mesmo: “Eu mereço isso. Eu sou capaz. Eu vou conseguir.”
O resultado?
Em 1994, Jim Carrey foi escalado para o filme “Ace Ventura: Um Detetive Diferente“, que se tornou um grande sucesso. Logo depois, ele estrelou outros filmes de grande bilheteria, como “O Maskara”.
E sabe o que aconteceu em 1995?
Jim Carrey recebeu exatamente 10 milhões de dólares por seu papel em “O Mentiroso“, cumprindo a visualização que havia feito anos antes.
Como o subconsciente funcionou no caso de Jim Carrey?
Ele tinha um objetivo claro (ganhar 10 milhões de dólares) e uma data específica para alcançá-lo.
Ele criou uma imagem mental vívida do sucesso, associada a emoções positivas.
Ele acreditou profundamente que era capaz de alcançar esse objetivo, reprogramando seu subconsciente para trabalhar a favor dele.
Ele continuou trabalhando duro e aproveitando as oportunidades que surgiam, alinhando suas ações com sua mentalização.
O que te parece? O poder do subconsciente é ou não uma das leis da Vida?
Repetições de comportamento
Esta temática gera muita reflexão tamanhas “coincidências” que é possível observar conosco e com as pessoas em nossa volta. Inclusive já conversamos aqui sobre isso.
O conceito de que traumas de infância não resolvidos podem ser perpetuados por gerações é amplamente estudado em áreas como psicologia, psicanálise e sociologia. Esse fenômeno é conhecido como ciclo de repetição de comportamentos.
Vou explicar como isso funciona e dar exemplos práticos para ilustrar.
Um homem que foi vítima de violência doméstica na infância pode, inconscientemente, repetir o mesmo comportamento com sua família quando adulto. Por que, uma vez que ele percebeu quanto sofimento isto causou em sua mãe e irmãos? Simplesmente e infelizmente porque ele aprendeu que a violência é uma forma de resolver conflitos ou exercer controle. É como se o inconsciente deste então menino concebesse que famílias funcionam assim e que até mesmo as dores emocionais geradas por agressores são coisas normais da vida.
Outro exemplo. Uma mulher que sofreu abandono emocional na infância pode desenvolver relacionamentos codependentes. Mas por que, logo ela que precisa exatamente de um perfil de homem que a acolha e que a faça se sentir segura? Porque ela internalizou a crença de que não é digna de amor e precisa se sacrificar para ser aceita.
Um pai que foi foi negligenciado emocionalmente na infância pode ter dificuldade em demonstrar afeto e atenção aos próprios filhos. Por que ele não faz exatamente o contrário com seus filhos, uma vez que ele sentia falta do carinho dos pais? O que acontece é que ele não aprendeu a expressar emoções de forma saudável e isso pode induzí-lo a reproduzir o mesmo distanciamento emocional que vivenciou.
Uma mãe que sofreu críticas constantes sobre seu corpo na infância pode, sem perceber, passar adiante essa obsessão por padrões de beleza para sua filha. Mas se ela se sentiu oprimida, por que reproduzir a mesma sensação para a filha? É que essa mãe internalizou a ideia de que seu valor está ligado à aparência, logo, seus comentários ou comportamentos reproduzem esta crença.
E o curioso é que nós podemos carregar traumas que não necessariamente eram de nossos pais, mas de nossos avós, tataravós ou quem sabe parentes ainda mais distantes.
Aqui a figura da Vida aparece além do que um inexorável juiz, mas também um irredutível professor que insistirá em nos fazer perceber a lição a ser ensinada e não sossegará tampouco nos poupará até a entendermos e mudarmos nosso comportamento.
A Vida, para mim, domina com proeza as leis da Física que regem o Universo e as utiliza para cumprir suas coesas e inexoráveis regras. E acho que ele tem como inspiração o mar. O mar é forte, imponente e poderoso. Independente de interpéries, ele segue lá, em seu denso azul e imensidão, enchendo de paz e esperança quem o contempla. E as ondas que quebram na praia são o lembrete do ciclos de ida e de vinda de nossa jornada.
O que você acha sobre estas reflexões sobre a Vida? Te parecem coerentes? Você percebe a aplicação destas leis à medida que pensa na sua existência de uma maneira mais profunda? Vou gostar de saber sua opinião.