Precisamos normalizar as pessoas calmas

Será que as pessoas calmas são perigosas?
Se você é uma pessoa calma ou se fica com um pé atrás com pessoas calmas, leia essa breve dissertação.

Há alguns dias atrás estava conversando com uma amiga e comentei sobre quão acho a mãe dela calma.

Verbalizando uma resposta que provavelmente usa com frequência, ela me disse: “Pois é, mas se tu pisa no calo dela, ela fica bem irritada.”

Me parece que quem é calmo leva esse rótulo: uma pessoa tranquila, porém, irreconhecível quando fica brava. Como se as pessoas calmas fossem um tanto quanto perigosas, com a permissão do uso de uma hipérbole; e por que não um pouco disfarçadas, uma vez que mudam completamente quando se aborrecem.

Você também tem essa impressão?

Se você digitar no Google a expressão “as pessoas calmas” e verificar as opções de buscas sugeridas, se deparará com o complemento “são as mais perigosas”.

Pois bem. Eu não tenho este conceito como regra porque, no meu ponto de vista, esta opinião por vezes é controversa e injusta.

Há pelo menos dois tipos de pessoas calmas – aquelas que não saem de seu estado por calmaria com situação alguma. Que nada nem ninguém, em momento nenhum, provoca alguma reação nelas.

Não é esse tipo de pessoa de quem me refiro. Estas realmente são motivo de uma análise diferenciada.

Falo aqui do segundo grupo, aqueles calmos que por vezes tem momentos de explosão.

Pense comigo: todos nós temos dias quando estamos rabugentos e pouco resistentes a situações e pessoas irritantes, e cada um sabe onde o sapato aperta.

Por exemplo, minha sobrinha fica bem irritada quando alguém respira alto perto dela. Minha irmã não suporta quando outros afirmam achar que sabem dos sentimentos dela. Eu fico possessa quando alguém que eu estou esperando se atrasa muito.

Algumas com mais frequência, outras com menos regularidade; mas sim – pessoas calmas e pessoas estressadas se irritam.

E o que é comum ao estado de irritação? Elevar o tom de voz em talvez vários tons, usar palavras impróprias, agir de forma insensata e quem sabe até ficar com o rosto vermelho de raiva.

É claro que para você, que convive com alguém calmo, é chocante ver uma pessoa costumeiramente serena e pacífica tão alterada. Mas isso faz dela uma pessoa dissimulada, que possui outro ser distinto dentro dela que, quando atiçado, é um tanto quanto assustador?

O que ocorre muitas vezes é que a convivência com indivíduos estressadas e que se irritam facilmente é regada de momentos com a pessoa usando um alto e ofensivo tom de voz, falando palavrões “a torto e a direito” e expressando atitudes desagradáveis. Então não há grande impacto quando essa pessoa fica mais irritada do que o habitual, afinal, o normal dela é um tanto quanto diferente, se é que você me entende.

Rotular uma pessoa calma como alguém que pode surpreender negativamente, alguém de quem você precisa tomar cuidado, é um tanto quanto injusto, concorda?

E ilógico também. Vídeos sobre controlar o temperamento e administrar a ansiedade dominam plataformas de informação e entretenimento. E qual o intuito deste tipo de conteúdo? Ajudar quem assiste a se tornar uma pessoa mais calma.

Se você respeita e / ou lê a Bíblia, deve saber que a paciência, que é prima-irmã da calma, é um fruto do espírito, ou seja, alguém que quer desenvolver uma personalidade aperfeiçoada deve ser esforçar em manter a calma.

Daí, quando a pessoa se esforça em construir uma postura calma e branda, tem a força de caráter de não estourar com facilidade, apesar de sim se sentir irritada em certos contextos, é vista como alguém que provavelmente não é o que aparenta ser?

No mínimo incoerente, concorda?

Portanto, ao invés de julgar as pessoas calmas com um olhar crítico, tomemos como exemplo esse refinado modo de ser e respeitemos os momentos em que elas rodam a baiana, descem do salto e colocam a boca no trombone; porque de fato perigosas são essas situações, e não essas pessoas.

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